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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
Só um pequeno aparte para dizer que desde ontem estou a (re)viver o meu maior pesadelo: obras. Ok, não são bem obras, são mais pequenos retoques nas paredes onde a tinta já saltava ou tinha sinais de humidade (esta casa é um pesadelo de humidade durante o inverno), só que isso basta para me pôr tudo, mas tudo completamente de pantanas e cheio de pó, ainda que este tipo de trabalho não faça muita sujidade. Tira tapete, afasta móvel, tira cortinado, empurra sofá, retira quadro, a lenga lenga do costume.
O plano inicial começou por incluir só o quartinho da bebé, uma espécie de mini remodelação antes de começarmos a montar as coisinhas e a decorá-lo. Mas como perdido por cem, perdido por mil, aproveitou-se para retocar também o hall de entrada, três paredes da sala e uma pequena parte de uma parede do nosso quarto. Basicamente, toda a casa num caos exceto as casas de banho e a cozinha. Que também não estão assim tão bem, dado que retirei algumas das peças e móveis de outras divisões e as enfiei nos WC, numa tentativa de as pôr a salvo. Resumindo, estou a tentar manter-me calma e ignorar o facto de ter tudo em completa desordem. Detesto ver a casa assim, mas tinha de ser feito, por isso quanto mais depressa, melhor. E depois de tudo terminado, limpo e arrumado, vai saber bem ter as paredes como novas. É o que estou a repetir a mim própria de cinco em cinco minutos. Inspira, expira (pó).
E ontem lá fomos nós, Avenida da Liberdade abaixo, mais concentradas em pôr a conversa em dia do que em ver de facto as montras ou em entrar nas lojas. Escolhemos três ou quatro e lá fomos cuscar, numas simplesmente não valia a pena entrar, noutras entrámos por nossa conta e risco, tal era o monte de mulherada que as enchia. Nesta noite já se sabe que compras estão fora de questão: ninguém tem calma e concentração suficiente para ver o que quer mesmo comprar, e mesmo que tenha, as filas habituais nas lojas que são mais em conta fazem qualquer uma desistir da espera. Simplesmente não há cu que aguente a confusão. Para mim não dá mesmo - é por isso que não sou menina de me perder nos saldos, apesar da tentação dos descontos, porque o ambiente normal desses dias (tudo doido à luta pelo último par de stilettos 38 em preto, prateleiras com montes de roupa até ao teto, filas de 5 quilómetros para pagar, etc.) nunca me estimula à compra.
Mas a VFNO é sempre gira para dar uma volta pela Avenida e pelo Chiado, ver as ruas cheias de animação, ir fintando os encontrões e finalmente atingir o destino: o restaurante onde jantamos, descansamos as pernas e prolongamos a noite, todas juntas. E ontem S. Pedro ajudou, porque a temperatura estava fantástica, nem muito quente, nem muito fresca. Para meu espanto, consegui ir sem me sentir cansada desde o Marquês de Pombal até à Oficina do Duque, no Chiado, o local escolhido para o repasto. A ementa é super original e alguns ingredientes obrigaram a uma pesquisa no Google para serem decifrados. O espaço é muito agradável, apesar de não muito grande e, com as portas abertas, o fresco da noite ia invadindo a sala sem deixar que o ambiente se tornasse pesado. A maioria de nós escolheu o bitoque, que estava muito saboroso e bem passado como pedi, apesar da carne ser de uma grossura considerável. O único senão foi mesmo o ovo cozido a baixa temperatura, que já vinha frio (e não só o meu). Enfim, ficou aprovado!
Quando saímos e rumámos em direção a casa, o que mais me chocou foi a quantidade de lixo acumulado nas ruas. De fugir. Copos, sacos, papéis, garrafas, eu sei lá. A dimensão dos pontos de recolha simplesmente não está preparada para uma noite destas. Isso a juntar aos péssimos hábitos de algumas pessoas mais porquinhas, que já se sabe o que a casa gasta. Espero que tenham conseguido pôr a cidade em ordem antes do amanhecer, caso contrário quem acordasse e desse de caras com aquele cenário iria pensar que um furacão atacou Lisboa durante a noite.