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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
Tudo começou numa tarde nos Armazéns do Chiado. Quando contei à N. que estava grávida, já cheia de sentimentos de culpa por lhe ter, vá, omitido esse facto por diversas vezes, sempre que ela me perguntava novidades sobre o assunto (no fundo, no fundo, ela já devia saber), e depois da enorme festa que fez, sentámo-nos os quatro numa mesa na zona de refeições: eu, ela, e dois llaollao (para quem não sabe, são aqueles maravilhosos gelados de iogurte, que eu amo desde o primeiro dia em que experimentei). A meio da conversa, que obviamente tinha de ser sobre o mais novo assunto do dia, e entre saborosas colheradas de gelado, saca-me da mala um bloco de notas e uma caneta. "Vamos começar a fazer a lista dos nomes!" Eu estava convencidíssima de que era um menino, desde o dia em que fiz o teste caseiro e vi o tal risquinho bem marcado (só demorou uns 4 segundos a aparecer, por isso nem foi preciso esperar os tais 3 ou 4 minutos), por isso nem queria pensar em nomes de menina, não valia a pena. "Vai ser uma menina, eu sei", afirmou com uma certeza que não me convenceu. Temos a mania que a intuição de mãe começa logo a funcionar, e talvez precise de uns ajustes até estar bem afinada e operacional.
Pusemos então mãos à obra e à medida que me ia lembrando de possíveis opções, ela ia escrevinhando em duas colunas, uma para menino e outra para menina. A de menino era muito mais completa, pelas razões óbvias. Para menina tinha alguns nomes preferidos já há algum tempo, mas sabia que o pai não ia muito à bola com eles. Aqueles que o pai tinha eleito também não me agradavam particularmente, não por não serem bonitos, mas por serem muito banais. Por isso a N. recorreu à lista de contactos do telemóvel para termos mais opções. A maioria foram rejeitadas, mas houve mais duas ou três que passaram no teste. Quando terminámos a busca, entregou-me o precioso papel, que trouxe guardado entre as páginas da agenda.
Nessa noite partilhei a lista com o pai. Comecei por enumerar os nomes de menino, por achar que os de menina não chegariam a ser necessários. Alguns ele já conhecia e aprovava, outros nem por isso. Quando passei à coluna de menina, ouviu todos, impávido e sereno, sem demonstrar particular inclinação por nenhum deles. Exceto quando disse o "tal", e de repente foi como se tivesse acontecido um 'click', e os olhos brilharam. "Gosto desse!" Foi a primeira vez que realmente vi nele uma reação tão especial e entusiasta em relação a um nome, e já tinhamos falado em dezenas deles, ainda antes de engravidar. Achei engraçado, porque eu própria também gostava muito do mesmo, e provavelmente nem era um nome de que me tivesse lembrado, caso não tivessemos feito a tal lista. Enquanto o de menino ficou ainda muito indefinido, este nome especial ficou logo no primeiro lugar da lista para menina, mas sinceramente nunca pensei que fosse possível usá-lo... Até ao dia em que soubemos que sim, quem estava a caminho era mesmo uma flor. A nossa Margarida. Já não havia dúvidas, estava mais que decidido.
E foi assim que se deu a escolha do nome... Não tem grande história, não é um nome em que pensasse desde a infância, nem foi herdado de nenhum membro da família. Simplesmente é um nome de que ambos gostamos muito, que corresponde a certos padrões que procurava, e que achámos que assenta que nem uma luva na nossa bebé. Só espero que ela venha a gostar tanto dele como nós.