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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
No sábado fomos ver Captain Phillips. Adoro histórias verídicas, mas neste caso o que me chamou mesmo foi o ator principal, Tom Hanks. Filme onde ele entre raramente me dececiona, e já sei que é receita quase certa de sucesso de bilheteira. Neste caso, não foi exceção. História que prende do início ao fim (a prova é que fomos à sessão da meia noite e nenhum de nós dormiu, algo que é muito raro), emoção e cenas de cortar a respiração.
Mas a cereja no topo do bolo é mesmo o protagonista. Aquele homem consegue encarnar de tal forma as personagens que a linha ténue que separa a ficção da realidade se dissipa, ao ponto de me fazer acreditar que estou a assistir a uma cena real (por acaso até era uma cena "real", porque aconteceu, mas a sensação era de que estava a passar-se naquele momento, com aquelas pessoas). A história, passada em 2009, é a de um navio mercante norte-americano, carregado com toneladas de produtos e alimentos que teriam como destino as populações necessitadas em África, que é atacado por piratas da Somália. É engraçado observar os procedimentos a adotar neste tipo de situações, bem como o sangue-frio que todos têm de manter para tentar resolver tudo com o mínimo de complicações. As coisas não correm tão bem quanto os piratas esperam e estes acabam abandonar o navio e fazer refém um dos tripulantes, neste caso o Capitão Phillips.
No final, depois de mil e uma peripécias e quando finalmente conseguem aniquilar os piratas e libertá-lo da situação em que se encontrava refém, Tom Hanks consegue reproduzir o estado de choque em que o capitão se encontrava de uma forma que me tocou. Um turbilhão de emoções que ele retratou de maneira tão comovente, que desatei a chorar e a soluçar no meio do cinema, tal e qual como ele, como se aquilo fosse comigo. Foi preciso chegar ao fim do filme para libertar a tensão acumulada durante duas horas e qualquer coisa. E não, não foi por estar grávida e ser uma panela de pressão de hormonas neste momento.
E depois lembrei-me de uma coisa engraçada: este homem não precisa de muito para me fazer chorar. Rir também não, mas as lágrimas correm com muita facilidade quando este homem me aparece no grande ecrã, ou mesmo no pequeno, quando revejo os filmes do cinema. Já vi O Náufrago mil e trezentas vezes, e sempre que vejo acabo a chorar com a cena final, em que ele reencontra Kelly, a maravilhosa Helen Hunt, na casa onde esta vive com o marido e a filha, e por breves segundos ambos querem recuperar o amor e a vida que tinham antes de ele ter desaparecido e ter sido dado como morto. Breves segundos mesmo, porque acabam logo por cair na realidade: o presente agora é outro, há terceiros envolvidos e já não são donos da própria vontade. Parece tão real e é tão triste que acabo sempre, mas sempre por deixar escapar uma lágrima ou outra. E é por culpa dele, já sei. Ninguém o mandou ser tão bom ator. "Rais" parta o homem.
Em resumo, adorei o filme e recomendo vivamente a quem ainda não viu. É melhor despachar-se antes que saia de cena.
Tom Hanks com o verdadeiro Captain Richard Phillips.