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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
Durante toda a gravidez me disseram para aproveitar cada momento, porque ia passar depressa e depois iria sentir saudades da barriga. A verdade é que desde o dia em que vi o tal risquinho no teste de gravidez que anunciava a vinda da minha boneca até ao dia em que a pude segurar nos braços foi um fósforo. Nem consigo acreditar que já passei por aquilo que mais temia, o parto e a recuperação, e que superei com sucesso a etapa da amamentação e os primeiros dias de adaptação à bebé. Tem corrido tudo lindamente, e fora algumas birritas de sono ou de fome que faz às vezes durante o dia, porta-se muito bem e se não a acordar para comer à noite, nem dá ares de si.
Ainda nem estava grávida, nem tal me passava pela cabeça, e já a amamentação era algo que me metia medo. Apesar de ter ouvido verdadeiros filmes de terror sobre o que era amamentar e das coisas horríveis que poderiam acontecer, desde mamilos macerados a mastites, a subida do leite foi algo que me atormentou durante meses e que afinal não passou de uma ligeira tensão na mama que me custou, mas apenas durante uma noite, estava ainda na maternidade. Felizmente com a ajuda de uma das enfermeiras consegui superar essa fase e no dia seguinte já nem sentia nada, ao ponto de achar que aquilo nunca poderia ser a subida do leite, e que o pior ainda estava para vir. Mas não! As febres, as dores intensas, o calor, etc., não passaram por mim... Mais uma situação da maternidade em que fui uma grande felizarda. O único problema (que não é problema) é que ainda no recobro me aconselharam a usar os famosos mamilos de silicone para a ajudar a pegar na mama, e agora não consigo largá-los: primeiro porque ela tem mais dificuldade em reconhecer a mama sem o auxílio deles e começa a chorar porque não consegue mamar tão facilmente, e depois porque das vezes em que insisti e que ela realmente mamou durante alguns minutos, fiquei absolutamente dorida e depois quase nem conseguia sentir a roupa sobre o peito... Resultado: desisti e voltei à estaca zero e fui buscá-los de novo. Mas melhor assim do que não dar de mamar de todo. Enquanto estava grávida e depois de me informar sobre o assunto, decidi que fazia muita questão de amamentar e tinha pavor de que algo corresse mal e me fizesse desistir. Queria dar de mamar, mas não era à custa de lágrimas, sangue e dores agudas... Felizmente tudo não passou de um ligeiro desconforto, e posso dizer que está a correr muito bem e que adoro dar de mamar. É de facto um momento mágico que só nos pertence às duas, e é engraçado ver como ela reage quando percebe que está na hora da maminha. Faz uma expressão de contentamento que dá gosto de ver! E quando olha para mim, muito atentamente de olho muito aberto, enquanto mama, parece que quer conversar. Só me custa mais de noite, porque me sinto uma zombie quando o despertador toca, mas de todo o modo ela já faz seis horas sem comer, o que já me permite descansar muito mais do que ao início, e em breve poderá fazer mais ainda. Ah, e também é uma grande pastela para comer - demora muito tempo, não sei se é o mimo a falar mais alto, ou se é mesmo ela que é lenta à hora da refeição.
Neste momento, ela está a leite materno + suplemento ocasional (só quando parece ter fome e sempre depois de mamar primeiro, já que eu não tenho leite para dar e vender, como muitas mães têm). No início custou-me imenso ceder porque queria que ficasse a leite materno exclusivo o máximo de tempo possível, mas teve mesmo de ser porque os aumentos de peso que tinha nas primeiras semanas eram insignificantes. Ela chorava com fome e como os intervalos eram muito curtinhos, para tentar que ela ganhasse mais peso mais depressa, a mama não tinha sequer tempo de encher. Assim percebi que, apesar de ela demorar séculos a mamar, eu praticamente não tinha leite. E pronto, a pediatra aconselhou e tive mesmo de passar a incluir o leite artificial de vez em quando, em jeito de sobremesa. E foi assim que desatou a ganhar peso e estabilizou como devia. Neste momento está ótima, adora comer e não foi por ter bebido o LA que deixou de adorar mamar (o que era, no fundo, o meu maior medo - que ela depois rejeitasse a mama).
Afinal, isto não é tão difícil quanto me venderam. Dois meses passados (praticamente), acho que tive mesmo muita sorte. Espero que continue assim.