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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
Mães de bebés e crianças bonitas, por favor digam-me se isto é normal ou se estou a transformar-me numa grande anti-social: não vos chateia que não possam ir a lado nenhum sem terem pelo menos 36 pessoas a meterem-se com os vossos filhos num espaço de 50 metros? Ontem a realidade da coisa atingiu-me. Estou sem qualquer paciência para fazer conversa de chacha com desconhecidos sobre a minha filha. Não consigo ir a lado nenhum, a uma loja, a um café, a um restaurante, a um parque, sem ter todos os empregados, clientes e transeuntes existentes a incomodarem-me com comentários. Bem sei que são bem intencionados e que é pelo facto de ela ser tão linda que chama tanto a atenção dos que olham, mas confesso que já são oito meses disto e já me cansa. "Ah, tão linda!", "Ah, que bebé tão gira!", "Ah, tão fofinha!"... Yeah yeah, bla bla bla... Já sei isso tudo! Nunca ouviram falar em quebranto? Os antigos diziam que as más energias, os olhares alheios e as invejazinhas enchiam os bebés e as crianças de quebranto. E é só disso que eu me lembro a toda a hora, e por isso fujo a sete pés de quem não conheço (e de algumas pessoas que conheço também!). "Deslarguem-me", bolas! Só queria poder ir a qualquer lado sem ter de ser quase abalroada no meu caminho por gente que nunca vi mais gorda, porque querem ver a minha filha mais de perto, ou saber quantos meses tem, ou de quem são os grandes olhos azuis (ela é adotada, para essa parte já arranjei resposta). Há dias em que não queremos falar com ninguém, em que só queremos estar sossegados e passar despercebidos. E eu já não sei o que é isso há oito meses. Andar com ela na rua é mais ou menos o equivalente a ter uma sirene de bombeiros no alto da testa. Ah, os tempos em que passava numa rua ou entrava numa loja e ninguém olhava para mim, nem largava o que estava a fazer para vir a correr chatear-me... Ah! Que saudades...
PS: e nem quero imaginar como será para as pessoas que têm gémeos... Isso sim, deve ser de levar uma pessoa à loucura com toda a espécie de comentários. É que não há quem não repare em gémeos e não tenha qualquer opinião a dar, opinião essa de extrema relevância para os pais, claro...
Ontem, nas festas de Alcochete. Adorou o rebuliço dos carrosséis e da música alta. Sai à mãe, claramente. Fomos os três trajados a rigor, com as t-shirts alusivas à vila e os barretes verdes, que não podiam faltar.
Dá para ver na foto o ventanol que estava no pontão, mas curiosamente não estava frio nenhum.
Sete meses indescritíveis. Que me fizeram (re)descobrir o significado da palavra Amor. Um Amor do tamanho do Mundo, mas que cabe todo num pingente de pessoa. Não podia ter imaginado filha mais linda e mais perfeita, e agradeço todos os dias por ter sido escolhida por ela e por ter a sorte de ser sua mãe. Tem sido uma aventura fantástica esta que temos vivido, e ao mesmo tempo que aproveito cada segundo do presente, estou ansiosa por todos os capítulos futuros que ainda estão por vir. É maravilhoso ser mãe.
Quando se tem um bebé, ou quando se engravida, descobre-se que existe uma coisa chamada o "percentil". O percentil é (e vou tentar explicar isto com termos perfeitamente leigos de quem, afinal de contas, não estudou isto) uma espécie de escala que classifica os bebés num X de percentagem de acordo com o seu peso e altura. Serve para acompanhar o crescimento do bebé e perceber se está a desenvolver-se bem, e de forma constante, ou se tem variações acentuadas, que indiquem algum problema. Não é nada mais do que um mero gráfico com números que uma alma se lembrou de inventar para enlouquecer ainda mais as mães: se um bebé está no percentil 60 de comprimento, então significa que, em 100 bebés, em média, apenas 40 são maiores do que ele. Ou se está no percentil 5 de peso, então, em 100 bebés, 95 são mais pesados do que ele.
Ora isto tudo para esclarecer que, quando a Margarida nasceu, estava no percentil 50, tanto de peso como de comprimento. Manteve-se assim até ter mais ou menos três meses de idade, quando decidiu começar a crescer desalmadamente. Na consulta dos seis meses, a pediatra confirmou que ela já tinha ultrapassado os 100 no percentil de peso, e no de comprimento para lá caminhava (rondava os 95). Falamos de uma miúda que sempre dormiu toda a noite (ou melhor, desde que tive autorização para a deixar dormir, desde os dois meses, porque antes era obrigada a acordá-la para comer), e sempre comeu muito bem, melhor ainda agora, que já come sopa, fruta e papa. Como ela fez alimentação de leite materno e de leite artificial em conjunto desde um mês de idade, sempre lhe dei pouquíssimo leite artificial, porque a ideia era que fosse de facto um complemento e não o principal. E mesmo quando o leite secou e deixei de dar de mamar, assim mantive - sempre menos leite artificial do que seria de esperar para a idade dela. Nunca lhe dei leite nem comida a mais, nem dantes e nem agora, como tal esta questão de ela estar a crescer tanto dever-se-á muito provavelmente ao facto de dormir bem, e de comer melhor ainda, apesar de apenas o suficiente para a idade dela (embora saiba que, se mais lhe desse, mais ela comeria). Eu não sou nem nunca fui magra, em bebé também era enorme (acho que nasci com cerca de 4 quilos), e o pai só passou a ser magro quando começou a fazer desporto de alta competição, porque com a mesma idade era precisamente uma fotocópia da filha, portanto se ela fosse pequenina não tinha mesmo a quem sair. Além disso, a pediatra já referiu que, assim que começam a gatinhar e a andar, todos os bebés emagrecem e como tal até é bom terem uma "almofadinha da felicidade", para depois não ficarem pele e osso.
Por isso é que me irritam os constantes comentários sobre o peso da Margarida sempre que saio com a gaiata à rua. A próxima pessoa que tiver a infeliz ideia de me dizer que ela está gordinha vai levar um trapo molhado na venta. Juro. Já me tinham avisado sobre o assunto antes de ela nascer: isto é realmente algo que mexe com a cabeça das mulheres e há um certo quê de competição entre as mães quando comparam o peso dos filhos. Todo um interesse gigante para saber quem foi capaz de parir o bebé mais pesado, cujos quilos atestam também a competência da progenitora. Acho que quem diz que ela está "gordinha" só pode mesmo ter tido filhos ou sobrinhos enfezados, coitaditos, e depois sente-se mal quando a vê. É incrível, mas coisa que nunca me interessou foi perguntar às mães que empurram carrinhos de bebé quantos meses têm as criaturas que lá vão dentro - já a mim, é coisa que perguntam a toda a hora, e depois ficam com cara de peru quando eu respondo, e nem confessam quantos têm os respetivos que estão mesmo ali ao lado - e eu também não pergunto, porque realmente me estou pouco lixando, é um facto. E calam-se que nem um rato porque, provavelmente, com um terço do tamanho, têm o dobro da idade dela, claro. Não sei de onde é que as pessoas tiraram a ideia de que Nº 1: Eu lhes pedi a opinião, e Nº 2: Não faz mal dizer à mãe de uma criança que ela está gordinha, só é mau dizer que está magrinha. Eu vejo imensas crianças de dois anos que parecem filhas da Margarida e não digo aos pais "Ohh, coitadinho! Não lhe dão de comer??", ou "Ohh, é anão?" Aliás, acho que é mesmo esse o problema, o ressabiamento de terem crianças no percentil 2 e de se sentirem melindradas com isso (coisa que me ultrapassa, mas enfim), que depois faz com que queiram vingar-se nos bebés grandes. A minha filha é grande porque come e dorme lindamente desde que nasceu, e além disso tem bom feitio. Ficou doente duas míseras vezes no inverno, com constipações que lhe pegaram pessoas de família (uma delas fui eu), e ainda assim curou-se em pouco mais de 24 horas. Nunca teve febre na vida dela, nem fez reação a vacina nenhuma. Não faz alergia a nada, nem a fraldas, nem a cremes, nem a alimentos. Nunca bolsou (nem bolsa), não teve cólicas. Os vossos é que certamente choram que se desunham, cospem a sopa, passam a vida doentes e não dormem nada, por isso é que nem as calorias lhes pegam, taditos. Eu não vos digo que os vossos filhos parecem passar fome e devem ser ruins, por isso não me digam o quanto a minha filha é grande e come bem, porque eu já sei e adoro (e agradeço todos os dias a todos os santinhos). Não perguntei nada a ninguém, eu é que sou a mãe, e eu é que sei se ela está bem ou não, porque sou eu que trato dela e sou responsável pelo seu bem estar. A minha opinião e a da pediatra é que interessam, e eu acho que ela está ótima, saudável, linda e mais esperta a cada dia que passa. E juro que qualquer dia quem se passa sou eu, com tanta opinião informada de "pediatras de bancada".
Seria de esperar que quando se vive numa localidade que nem sequer se categoriza como vila, os três dias anuais de festa populares fossem de loucos. São carros a mais a fazer barulho e a procurar estacionamento, são pessoas a mais a passearem e a falarem alto, são largadas até às tantas da manhã, são foguetes de manhã cedo, de noite e de madrugada, são carrosséis com música demasiado alta.... Está armado o cenário perfeito para uma bebé de cinco meses, habituada a adormecer em completo sossego, apenas ao som de música clássica, não dormir. Mas qual quê...!? À minha filha ninguém lhe tira o sono. Nem foguetes às 4h da manhã, nem autocarros a passarem e a estremecerem os vidros da janela, nem coisa nenhuma. Sai mesmo ao pai, a minha rica filha. Desde que nasceu, não me consigo lembrar de uma noite em que não me tenha deixado dormir, tirando aquelas em que fui "obrigada" a pôr o despertador de três em três horas para a acordar para comer. Desde os dois meses, quando tive "ordem de soltura", que isso deixou de acontecer e desde que a deixo dormir, é o que efetivamente ela faz: dorme! De facto, só tenho a agradecer a todos os santinhos...sei que são raros estes bebés!
Felizmente, e de todo o modo, já terminou a saga da confusão ontem. Adoro festas, mas quando se mora perto não tem tanta graça. Agora aguardo ansiosamente pelas do Montijo e pelas de Alcochete (para as quais a Magá já está preparada). E tem barrete verde e tudo!
A primeira sopa da Magá, no dia em que completa cinco meses! Tem apenas batata e cenoura, e a consistência é de atirar às paredes, como me aconselharam. Quando é demasiado líquida parece que eles rejeitam... Quando colocar no prato vou acrescentar um fio de azeite. Está tudo a postos, espero que ela goste da obra prima culinária.