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Por Carmen Saraiva

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Era uma vez os percentis

Segunda-feira, 14.07.14

Quando se tem um bebé, ou quando se engravida, descobre-se que existe uma coisa chamada o "percentil". O percentil é (e vou tentar explicar isto com termos perfeitamente leigos de quem, afinal de contas, não estudou isto) uma espécie de escala que classifica os bebés num X de percentagem de acordo com o seu peso e altura. Serve para acompanhar o crescimento do bebé e perceber se está a desenvolver-se bem, e de forma constante, ou se tem variações acentuadas, que indiquem algum problema. Não é nada mais do que um mero gráfico com números que uma alma se lembrou de inventar para enlouquecer ainda mais as mães: se um bebé está no percentil 60 de comprimento, então significa que, em 100 bebés, em média, apenas 40 são maiores do que ele. Ou se está no percentil 5 de peso, então, em 100 bebés, 95 são mais pesados do que ele.

Ora isto tudo para esclarecer que, quando a Margarida nasceu, estava no percentil 50, tanto de peso como de comprimento. Manteve-se assim até ter mais ou menos três meses de idade, quando decidiu começar a crescer desalmadamente. Na consulta dos seis meses, a pediatra confirmou que ela já tinha ultrapassado os 100 no percentil de peso, e no de comprimento para lá caminhava (rondava os 95). Falamos de uma miúda que sempre dormiu toda a noite (ou melhor, desde que tive autorização para a deixar dormir, desde os dois meses, porque antes era obrigada a acordá-la para comer), e sempre comeu muito bem, melhor ainda agora, que já come sopa, fruta e papa. Como ela fez alimentação de leite materno e de leite artificial em conjunto desde um mês de idade, sempre lhe dei pouquíssimo leite artificial, porque a ideia era que fosse de facto um complemento e não o principal. E mesmo quando o leite secou e deixei de dar de mamar, assim mantive - sempre menos leite artificial do que seria de esperar para a idade dela. Nunca lhe dei leite nem comida a mais, nem dantes e nem agora, como tal esta questão de ela estar a crescer tanto dever-se-á muito provavelmente ao facto de dormir bem, e de comer melhor ainda, apesar de apenas o suficiente para a idade dela (embora saiba que, se mais lhe desse, mais ela comeria). Eu não sou nem nunca fui magra, em bebé também era enorme (acho que nasci com cerca de 4 quilos), e o pai só passou a ser magro quando começou a fazer desporto de alta competição, porque com a mesma idade era precisamente uma fotocópia da filha, portanto se ela fosse pequenina não tinha mesmo a quem sair. Além disso, a pediatra já referiu que, assim que começam a gatinhar e a andar, todos os bebés emagrecem e como tal até é bom terem uma "almofadinha da felicidade", para depois não ficarem pele e osso.

Por isso é que me irritam os constantes comentários sobre o peso da Margarida sempre que saio com a gaiata à rua. A próxima pessoa que tiver a infeliz ideia de me dizer que ela está gordinha vai levar um trapo molhado na venta. Juro. Já me tinham avisado sobre o assunto antes de ela nascer: isto é realmente algo que mexe com a cabeça das mulheres e há um certo quê de competição entre as mães quando comparam o peso dos filhos. Todo um interesse gigante para saber quem foi capaz de parir o bebé mais pesado, cujos quilos atestam também a competência da progenitora. Acho que quem diz que ela está "gordinha" só pode mesmo ter tido filhos ou sobrinhos enfezados, coitaditos, e depois sente-se mal quando a vê. É incrível, mas coisa que nunca me interessou foi perguntar às mães que empurram carrinhos de bebé quantos meses têm as criaturas que lá vão dentro - já a mim, é coisa que perguntam a toda a hora, e depois ficam com cara de peru quando eu respondo, e nem confessam quantos têm os respetivos que estão mesmo ali ao lado - e eu também não pergunto, porque realmente me estou pouco lixando, é um facto. E calam-se que nem um rato porque, provavelmente, com um terço do tamanho, têm o dobro da idade dela, claro. Não sei de onde é que as pessoas tiraram a ideia de que Nº 1: Eu lhes pedi a opinião, e Nº 2: Não faz mal dizer à mãe de uma criança que ela está gordinha, só é mau dizer que está magrinha. Eu vejo imensas crianças de dois anos que parecem filhas da Margarida e não digo aos pais "Ohh, coitadinho! Não lhe dão de comer??", ou "Ohh, é anão?" Aliás, acho que é mesmo esse o problema, o ressabiamento de terem crianças no percentil 2 e de se sentirem melindradas com isso (coisa que me ultrapassa, mas enfim), que depois faz com que queiram vingar-se nos bebés grandes. A minha filha é grande porque come e dorme lindamente desde que nasceu, e além disso tem bom feitio. Ficou doente duas míseras vezes no inverno, com constipações que lhe pegaram pessoas de família (uma delas fui eu), e ainda assim curou-se em pouco mais de 24 horas. Nunca teve febre na vida dela, nem fez reação a vacina nenhuma. Não faz alergia a nada, nem a fraldas, nem a cremes, nem a alimentos. Nunca bolsou (nem bolsa), não teve cólicas. Os vossos é que certamente choram que se desunham, cospem a sopa, passam a vida doentes e não dormem nada, por isso é que nem as calorias lhes pegam, taditos. Eu não vos digo que os vossos filhos parecem passar fome e devem ser ruins, por isso não me digam o quanto a minha filha é grande e come bem, porque eu já sei e adoro (e agradeço todos os dias a todos os santinhos). Não perguntei nada a ninguém, eu é que sou a mãe, e eu é que sei se ela está bem ou não, porque sou eu que trato dela e sou responsável pelo seu bem estar. A minha opinião e a da pediatra é que interessam, e eu acho que ela está ótima, saudável, linda e mais esperta a cada dia que passa. E juro que qualquer dia quem se passa sou eu, com tanta opinião informada de "pediatras de bancada".

 

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por Carmen Saraiva

4 comentários

De Life Inc a 16.07.2014 às 11:28

As pessoas adoram opinar sobre os filhos dos outros. A minha tem andado sempre no percentil 50 mas come muito bem. Toda a gente lhe gaba o apetite. Mas é uma bébé super ativa e portanto não está gorda, até hoje só teve varicela e uma virose que nos atacou aos 3. E mesmo essas passaram super rápido. Desde que estejam bem e sejam saudáveis o que é que interessa mais? Sou sincera, não gosto que opinem sobre a minha por isso também não opino sobre os dos outros.

xoxo
cindy

De Carmen Saraiva a 16.07.2014 às 16:04

Exatamente, Cindy! Haja alguém que me compreenda! :) Beijinhos e felicidades para a sua becas!

De Cláudia a 01.08.2014 às 09:29

Já pensou que as pessoas não fazem por maldade,quem tem um bebé que come bem e dorme bem é um \"abençoado\".e acho pelo seu texto ,que a mãe é que vive demais o percentil,acredite que há mães que queriam ter os seus filhos mais gordinhos,não tem bem noção do que é ter um filho que não come bem ou dorme bem ou as duas situações(eu como já trabalhei com bebés em berçário sei bem como são bebés de boca santa e os que não querem comer e os que não querem dormir).
Sinta-se abençoada e não que as pessoas olham para si de \"\"

De Carmen Saraiva a 04.08.2014 às 14:32

Mas é claro que me sinto abençoada. Aliás, digo todos os dias que tenho de ir a Fátima de joelhos agradecer. Não tenho é paciência para os comentários, e não me sinto mais nem menos abençoada por ouvir a opinião alheia de quem não me conhece de lado nenhum, nem à minha filha... Se não perguntei nada, agradeço que não se dirijam a mim. Eu não comento sobre magros nem gordos, nunca o fiz, por isso não comentem sobre a minha filha! E acredite, andar há quase 8 meses (ok, menos, porque ela só começou a crescer como se não houvesse amanhã desde os 3, 4 meses) a ouvir a mesma conversa, é dose. Que sou abençoada, sei eu bem! Daí achar que as pessoas só acham de mau tom dizer que está magrinho (porque parece que são mal tratados e mal alimentados), dizer que está gordinho não tem mal nenhum... Mas a mim aborrece-me ouvir todos os dias 30 mil vezes a mesma conversa! Ela está ótima e saudável, sempre foi a espero que continue assim por muito tempo...

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