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Podia ser em papel. Mas não era a mesma coisa.
Uma folha em branco pode despertar tanto entusiasmo, como terror. Já me confrontei ao longo da minha vida académica e enquanto jornalista com ambas as situações, mas confesso que felizmente a primeira foi mais frequente. Por mais vezes que a inspiração pareça falhar-nos quando mais precisamos dela, sempre senti que a enxurrada de palavras necessária para encher a imensidão de uma folha A4 acabava por me tomar de surpresa quando menos esperava. E assim, quase sem que desse conta, nasciam as "histórias"; primeiro em diários e folhas de papel soltas, mais tarde no ecrã de um computador... Mas apesar da tecnologia dominar o mundo atual e de nos termos rendido aos iPhones e iPads, um dos meus grandes tesouros continua a ser a coleção de cartas e postais que trocava com os amigos que moravam longe, ou os que recebia em ocasiões como o aniversário ou o Natal, no tempo em que ainda não sabiamos o que eram endereços de e-mail (achei alguns exemplares dessa coleção há uns dias e fiquei deliciada...). Sim, continuo a valorizar o papel e o cheiro das páginas de um livro, nunca li nem sei se lerei nos próximos tempos um e-book, mas a Internet tem um alcance que uma folha de papel arrumada dentro de uma gaveta nunca terá. E por isso decidi dar voz ao Blog 100 páginas.
A minha fonte de inspiração para tudo na vida sempre foram as pessoas e as coisas bonitas que me rodeiam e que amo, as minhas experiências, os lugares por onde já passei. E na escrita não é diferente. O desafio renova-se, por mais que os dedos teimem em pressionar centenas de milhar de vezes as mesmas teclas - porque os dias são todos diferentes e em todos eles, nem que a longevidade nos arraste até aos duzentos anos, aprendemos algo. Este blogue surgiu da necessidade de perpetuar o prazer de escrever que está impregnado na minha alma desde o momento em que aprendi a pegar num lápis, e que a profissão nunca satisfez em pleno, talvez porque a liberdade para deixar fluir esse mesmo lápis fosse infinitamente limitada. Agora, neste espaço, posso quebrar os grilhões e ser (ainda) mais feliz. Não será na forma de um diário ou caderno, como antigamente, mas online, "sem páginas", para poder partilhar com quem me queira ler tudo o que me inspira e me traz alegria, o que me choca e me entristece, o que me faz rir e me comove. Das coisas mais importantes às mais triviais. Acima de tudo, espero que se divirtam a "folhear" as páginas. Bem-vindos.